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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Arte de ler


Leitura

A leitura é uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo a múltiplas finalidades. A leitura insere o ser humano em um vasto mundo de conhecimentos, propiciando a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do saber.

Sob tal enfoque, urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente. Nesse contexto, cabe registrar que em sua grande maioria, o produtor de texto técnico-científico fracassa porque sua leitura não é eficiente.

Com esse intróito, busca-se realçar a necessidade de desenvolvimento de hábitos de estudo, com prioridade para técnicas de leitura, a fim de permitir a continuação da pesquisa para além dos bancos escolares. Em essência, a leitura é uma das principais formas de aquisição de informação e conhecimento por parte do ser humano.

Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, a leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo e imprescindível em qualquer tipo de investigação científica. Segundo estes, a leitura favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho de pesquisa de campo ou experimental. (4) Lado outro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques escrevem que alguns tópicos devem ser observados a fim de facilitar o aproveitamento da leitura: a) primeiramente há que se determinar um objetivo a ser alcançado; b) esclarecer as dúvidas que possam ocorrer durante a leitura do texto com a consulta a um bom dicionário; c) assimilar as idéias principais do texto, captar as mensagens; d) fazer um esquema com as ideias principais e e) elaborar frases-resumos com base no que foi sublinhado. (5)

Nesse sentido, antes de se iniciar no estudo de um texto ou obra o leitor deve compreender quais são seus objetivos. Deve-se perguntar que informação terá que encontrar e por que encontrá-la e quando encontrar, qual uso fará dessa informação.

Em alguns casos, a colocação dos problemas pode ser difícil, mas o leitor deve-se perguntar pelo menos: qual a relação deste tópico com a unidade que está estudando; qual a relação deste tópico com outras unidades que já estudou etc.

Uma boa leitura é aquela em que não se lê palavra por palavra, mas sim, o conjunto de palavras que constituem unidades de pensamento. Essas unidades de pensamento são essenciais para uma perfeita compreensão de significados e da mensagem que o texto quer nos passar.

Nesse diapasão, há que se registrar que a grande maioria dos produtores de textos técnico-científicos perde a maior parte do tempo com leitura de material que em nada ajudará na produção literária. As pesquisas demonstram que existem diferenças no nível de aprendizagem quanto a material significativo e pouco significativo.

Segundo João Bosco Medeiros, em primeiro lugar, o leitor deve considerar que a leitura é seletiva e que há vários modos de realizá-la, como: a) o que é relevante para o leitor é a relação do texto com o autor (o que o autor quis dizer?); b) relação do texto com outros textos (leitura comparativa); c) o que é relevante é a relação do texto com seu referente; e d) relação do texto com o leitor (o que você entendeu?). (6)

Por outro giro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques dizem que a leitura, não obstante possa ser agradável e prazerosa, é empreendida com finalidade prática, pois tem algum tipo de compromisso com o resultado que o leitor espera de seu esforço. Ou seja, lê-se para aprender, não cabendo se questionar o que se lê. Ademais, estabelecem que um bom leitor deve ser capaz de praticar níveis diferentes de leitura, ou seja:

1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página, o qual dispõe de treinamento básico e aquisição rudimentar da arte de ler;

2. Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear sistematicamente;

3. Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ativa em grau elevado e tem em vista principalmente o entendimento;

4. Leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionados entre si. Nível ativo e laborioso da leitura. (7)

Ressalte-se que os quatro níveis de leitura são cumulativos, exigindo-se de um leitor competente o transito por todos os níveis, com desenvoltura e autonomia. Enfim, quanto mais tempo de leitura tiver o leitor, mais produtiva se tornará sua leitura.

Ademais, existem algumas técnicas que podem ajudar a desenvolver a prática de uma leitura produtiva e eficiente. Cite-se o caso do grifo, processo este que pode ajudar na concentração e no desenvolvimento de um processo seletivo do texto e de resumo. Essa medida, ou seja, o grifo, deve ser usado tendo em mente dois objetivos: primeiro deve ser utilização pelo leitor como uma ajuda a entender e organizar a matéria; e segundo, como um auxílio para futuras revisões.

Por fim, de cite-se a doutrina de Délcio Vieira Salomon, segundo qual, pode-se dizer que um bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como: ler com objetivo determinado; ler unidades de pensamento; tem vários padrões de velocidade; avalia o que lê; possui bom vocabulário; tem habilidades para conhecer o valor do livro; sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente; discute frequentemente o que lê com colegas; adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular; lê assuntos vários; lê muito e gosta de ler, sendo que o bom leitor é aquele que não é só bom na hora de leitura, mas é bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler. (8)


Referências bibliográficas:

(4) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 15.

(5) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 74.

(6) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 66.

(7) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 75-76.

(8) SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 39-40.