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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista


Confira neste link o livro Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista de Pedro Celso Campos


Índice

1 Informativo 2
2 Recreativo 3
3 Opinativo 4
4 Interpretativo 5
5 Jornalismo Literário Avançado 8
6 Técnicas de Entrevista 11
7 Conclusão 14
8 Bibliografia 14

sábado, 27 de novembro de 2010

Crônica

Crônica

Gênero entre jornalismo e literatura

Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como "narração histórica". É a "Carta de Achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha", na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis
O nascimento da crônica
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)

(Machado de Assis. "Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994)
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos.
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Jornalismo e literatura


É assim que podemos dizer que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo.
Leia a seguir uma crônica de um dos maiores cronistas brasileiros: 
Recado ao Senhor 903

“Vizinho,

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”

(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)

Fato corriqueiro...


Há na crônica uma série de eventos aparentemente banais, que ganham outra "dimensão" graças ao olhar subjetivo do autor. O leitor acompanha o acontecimento, como uma testemunha guiada pelo olhar do cronista que tem a pretensão de registrar de maneira pessoal o acontecimento. O autor dá a um fato corriqueiro uma perspectiva, que o transforma em fato singular e único.
No caso da crônica "Recado ao Senhor 903", há uma crítica à desumanização na cidade grande, na qual somos, muitas vezes, apenas números e não pessoas. O surpreendente é a inversão proposta pelo narrador ao final da crônica: no lugar da intolerância, tão comum nas cidades grandes, ele propõe um possível acolhimento amigo.
Outro aspecto é que as personagens das crônicas não têm descrição psicológica profunda, pois, são caracterizadas por uma ou duas características centrais, suficientes para compor traços genéricos, com os quais uma pessoa comum pode se identificar. Em geral, as personagens não têm nomes: é a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona de casa. Ou têm nomes comuns: dona Nena, seu Chiquinho, etc... 

Análise da linguagem


1) Intenção e linguagem
O narrador-personagem da crônica (ou remetente da carta ao vizinho) reconhece que faz barulho e por isto pede desculpas. Veja, assim, as palavras e afirmações que usou para construir essa ideia: "consternado", "desolado", "lhe dou inteira razão", "O regulamento do prédio é explícito", "Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso", "Peço desculpas", "Prometo silêncio". 
No entanto, através de ironias, o narrador reconhece sua falta, mas explicita que não concorda com a situação, uma vez que a aborda também de outro ângulo, problematizando as relações entre as pessoas e não simplesmente aceitando a situação como algo imutável. E faz isso, especialmente, quando:
  • ironiza a estruturas dos prédios em que as pessoas ficam empilhadas, perdendo o contato humano; 

  • refere-se a todos os vizinhos, incluindo ele próprio, pelo número do apartamento e não pelo nome; 

  • critica o isolamento e a distância entre as pessoas cujas vidas estão limitadas pelas normas que cerceiam o convívio humano; 

  • sonha com outra relação mais humana e fraterna, entre as pessoas.


  • 2) Ironia e humor
    a) Veja como o narrador usa uma fina ironia quando fala de si mesmo e dos motivos das reclamações do vizinho: 
    "Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós doisapenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua." Verifique ainda como o uso do elemento "apenas", usado duas vezes intensifica a sua exclusão em relação aos demais moradores do prédio. 
    b) O excesso de referência a números acaba por criar um efeito de humor e crítica social: 
    "Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h 45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h 15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305." 
    Enfim, o efeito de humor tem a ver com: 

  • o contraste entre uma situação e outra: os que mantêm silêncio e pessoas, como o narrador, que não o fazem; 

  • o inesperado: o texto parece se encaminhar para um sentido e bruscamente aponta para outro.


  • 3)Uso de verbo
    Quando o narrador quer sonhar com uma outra situação em relação, não só à sua vizinhança, mas também à vida na cidade grande, veja que ele constrói essa ideia usando verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo, o que indica possibilidade/desejo/hipótese: 
    "Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: 'Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou'. E o outro respondesse: 'Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela'. 
    E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. 
    4)Uso dos artigos
    Releia os trechos: 
    a) "Quem fala aqui é o homem do 1003.". 
    Foi usado o artigo definido ( o ), quando o narrador refere-se a si mesmo, particularizando, dessa forma, um indivíduo, entre outros. 
    b) "Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em queum homem batesse à porta do outro e dissesse (...). E o outro respondesse (...)"
    Há artigo indefinido ("um homem"), quando foi introduzido um elemento ainda não citado no texto, generalizando-o. Há artigo definido ("o outro"), quando novamente se tem um indivíduo já citado, particularizando-o. 
    Veja que essas escolhas linguísticas vão constituindo a ligação/coesão entre as partes do texto, de tal maneira que, mais do que saber o nome das classes da gramática - substantivos, adjetivos, artigos, advérbios, verbo, conjunção, pronome, preposição, numeral - é importante saber suas articulações na construção dos sentidos de um texto. 

    Características das crônicas

    A crônica é um texto narrativo que: 

  • É, em geral, curto; 

  • Trata de problemas do cotidiano; assuntos comuns, do dia a dia; 

  • Traz as pessoas comuns como personagens, sem nome ou com nomes genéricos. As personagens não têm aprofundamento psicológico; são apresentadas em traços rápidos; 

  • É organizado em torno de um único núcleo, um único problema; 

  • Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor.



  • Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.

    sexta-feira, 26 de novembro de 2010

    Crônica da Cidade

    Quarta-feira, 13 de abril de 2011 11:17 am

    crônica da cidade

    por Conceição Freitas



    Teto do Beijódromo, projeto de Lelé para o Memorial Darcy Ribeiro, na UnB  




    As águas e Darcy



    Darcy Ribeiro deve estar chateado. A universidade que ele criou está ferida. As águas desobedientes arrastaram e destruíram equipamentos, móveis, paredes, chão, teto, banheiros, anfiteatros, centros acadêmicos, salas de aula e, o mais grave, pesquisas que vinham sendo feitas havia anos, como as do professor Rafael Sanzio, que se dedica, entre outros temas, a mapear o racismo no Brasil.


    Faz muito que Darcy Ribeiro se entristece com a UnB, por razões diversas. Mas, quero apostar, que por mais desenganos que a universidade tenha cometido, nenhum deles nem todos juntos reduziram, num milímetro que seja, o ardoroso afeto que Darcy dedicava àquela que ele chamava de sua filha, “exageradamente embora”.


    UnB e Brasília, Brasília e UnB, continente e conteúdo, são irmãs de sangue. Não sou doutora em história das universidades do planeta, nem do Brasil, mas duvido que hajam muitas que tenham nascido sob os mesmos princípios, fundadas num mesmo tempo histórico, sob a mesma conjunção de estrelas, como é o caso da criação de Brasília e do surgimento da UnB.


    A universidade está na escritura de fundação de Brasília. Não custa repetir certo trecho do Relatório do Plano Piloto de Lucio Costa: “Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país.”


    Esse texto é de 1956. Quase 40 anos depois, em 1995, Darcy Ribeiro contou da visita que fez ao local onde seria construída a universidade: “Vim com uma amiga, percorremos este campus, que era uma macega, andando por cada trilha que se abria à nossa frente. Primeiro vimos, daqui, com pasmo carioca nos olhos, o esplendor do por-do-sol de Brasília de que fruímos longamente. Depois, deitados por aí, vimos o céu se acender, cintilando estrelado. Lá ficamos, olhos no céu, olhando o universo mover-se. Eu, se fosse ciente, deveria ter, naquela hora, o sentimento profundo, que minha inciência não via, de que conquistara um bom pedaço do planeta Terra para nele edificar a Casa do Espírito, enquanto saber, cultura e ciências: a Universidade de Brasília, nossa UnB.”


    Sejam perseguições políticas, sejam denúncias de corrupção, sejam exibições narcísicas de poder, sejam furtos de computadores, ou sejam gordas nuvens cinzentas, toda vez que acontece algo de ruim com a UnB bate em Brasília. Desta vez foram águas de abril. A tormenta de domingo passado deixou um caminho de destruição, mas pode significar também lavagem para um recomeço.


    “Olhando para o futuro nostálgico de mim e dos velhos tempos, — disse Darcy ao receber da UnB o título de doutor honoris causa — o que peço é que voltem ao campus aquela convivência alegre, aquele espírito fraternal, aquela devoção profunda ao domínio do saber e a sua aplicação profunda.” 

    terça-feira, 9 de novembro de 2010

    A resenha bibliográfica

    A resenha bibliográfica


    por Antônio Joaquim Severino*

    Uma resenha comporta várias partes lógico-redacionais:

    Cabeçalho: transcreve os dados bibliográficos completos da publicação resenhada.

    Pequena Informação sobre o autor do texto. Dispensável se o autor for muito conhecido.

    Exposição sintética do conteúdo do texto. Esta exposição deve ser objetiva e conter os pontos principais e mais significativos da obra analisada. Pode seguir capítulo ou parte por parte. Deve passar ao leitor uma visão precisa de teor do texto.

    Comentário crítico. Trata-se da avaliação que o resenhista faz do texto que leu e sintetizou. Essa avaliação crítica pode assinalar tanto os aspectos positivos quanto os aspectos negativos. Assim, pode-se destacar a contribuição que o texto está trazendo para determinados setores da cultura, sua qualidade científica, literária ou filosófica, sua originalidade etc; negativamente, pode-se explicitar as falhas, incoerências e limitações do texto.


    As críticas devem ser dirigidas às idéias e posições do autor, nunca a sua pessoa ou às suas condições pessoais de existência. Quem é criticado é o pensador/autor e suas idéias e não sua pessoa. É sempre bom contextuar a obra a ser analisada, no âmbito do pensamento do autor, relacionando-a com seus outros trabalhos e com as condições gerais da cultura da área, na época de sua produção.

    Na medida em que o resenhista expõe e aprecia as idéias do autor, ele estabelece um diálogo com o mesmo. Nesse sentido, o resenhista pode até mesmo expor suas próprias idéias, defendendo seus pontos de vista, coincidentes ou não com aqueles do autor resenhado.

    Como construir a resenha?
    Com relação à elaboração de uma resenha, ter presente as seguintes orientações:

    O cabeçalho é composto pelos dados bibliográficos do livro, a fim de se ter a identificação do texto a ser resenhado. Transcritos esses dados, construir a resenha dando os passos que se seguem. Não há necessidade de capas, páginas de rosto, etc.

    Fazer algumas considerações introdutórias, contextuantes, para se criar um clima, dando a entender qual o âmbito do problema que o livro vai discutir.

    Em seguida trazer algumas informações sobre o autor: quem é ele, qual a sua área de formação e de especialização, se já publicou outras obras, quais as suas principais posições, para que escreve o atual livro, etc.

    Num momento seguinte, retomar e expor os principais elementos do conteúdo do livro, acompanhando o raciocínio do autor. Não é preciso detalhar muito. Se for o caso, destacar algum ponto mais relevante.

    Concluir com algumas considerações finais, inclusive críticas. Trata-se de um livro importante? Por quê? Traz alguma contribuição? Para quem? Vale a pena ser lido? Por quê? Quem deve lê-lo? As posições do autor são coerentes, sólidas? São originais ou o autor é repetitivo? Etc.

    No decorrer do texto, pode-se inserir pequenas passagens, quando relevantes e ilustrativas, colocando-as entre aspas e citando a página de onde foram transcritas. Mas não se deve fazer citações de outras fontes nem inserir outras referências bibliográficas. Também os comentários e apreciações podem ser distribuídos ao longo do texto, quando oportuno.
    __________
    * Professor titular de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP
    ** Fonte: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez Editora, 2007, p. 210 (23ª edição revista e atualizada). Publicado com a autorização do autor.




    ___________



    Formulário de resenha bibliográfica


    A resenha deve ser escrita em texto corrente (letra 12, tipo Times New Roman ou Garamand, espaço simples), com 2 a 3 páginas.
    • Nome do Resenhista:
    • Bibliografia completa do artigo: (autor, título do texto, nome do periódico, vol. e/ou no., ou data da revista, ano, página inicial e final do artigo (endereço da Internet, quando for o caso).
    I.                   Conclusão sumária da Autoria:
    II.                Digesto:
    a.       O ‘problema’ da pesquisa que o autor trata;
    b.      Seqüência argumentativa ou demonstrativa que conduziram às conclusões;
    c.        Em quantas partes se divide o artigo e o que é tratado em cada uma delas, de forma resumida.
    III.             Metodologia da autoria:
    a.       Como o autor comprovou os argumentos;
    b.      O resenhista deverá caracterizar as linhas metodológicas utilizadas pelo autor na elaboração do texto analisado
    IV.              Quadro de referência da autoria (opcional):
    a.       Se possível concluir como o autor se posiciona diante das perspectivas (teorias) utilizadas ou criticadas, ou a escola de pensamento que está filiada a autoria.
    V.                 Crítica do resenhista:
    a.       O resenhista deverá explicitar seu parecer objetivo sobre o artigo: as críticas deverão estar embasadas pelos conteúdos teóricos a partir dos quais o resenhista estabeleceu sua análise (se possível);
    b.      O resenhista deverá explicitar pontos de concordância ou discordância com o autor.
    c.       Não basta dizer que concorda ou discorda da autoria, é preciso indicar em que você discorda ou concorda, o porquê de seu posicionamento e subsidiá-lo, se possível, cientificamente.
    VI.              Relevância do texto para o objeto da disciplina: Pontos, argumentos ou dados constantes do artigo que serão importantes para a disciplina. Os trechos citados deverão vir acompanhados do número da página de onde foi retirado.


    OBS: Lembre-se que uma resenha deve ser escrita com suas próprias palavras, ou seja, as idéias do autor devem ser recompostas por meio de paráfrases. Sua resenha não pode ser uma transcrição do artigo, deve ser um novo texto. Quando for necessária a utilização de trechos do livro, estes devem vir diferenciados por aspas e com a indicação da página. 


    Resenha (exemplo)

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    Autor Elvis Rossi Mello 

    Resenha Bibliográfica “Técnicas de comunicação escrita”, Izidoro Blikstein. São Paulo: Editora Ática, 2003. 97 p.

    Apresentação O livro Técnicas de comunicação escrita foi desenvolvido por Izidoro Blikstein, especialista em lingüística e semiótica, professor orientador de várias teses nos departamentos de pós-graduação da PUC-SP e da USP. O autor fez pesquisas em: GARCIA, Othom M. Comunicação em prosa moderna; GUIRAUD, Pierse, A Semiologia; LUFT, Celso Pedro, No guia ortográfico; WHITAKER, Penteado J.R., A técnica da comunicação humana.

    Resumo Neste livro o autor “brinca” um pouco com a língua portuguesa, narrando uma pequena história que desencadeia uma grande confusão por falta de entendimento entre patrão e colaborador.

    No capitulo I, “Quem não escreve bem...perde o trem!”, o autor narra uma historia muito interessante de um bilhete escrito por um patrão à sua secretaria. A confusão começa quando o patrão escreve o bilhete de maneira imprópria e errada, tanto na escrita quanto na clareza de suas ordens para a secretaria. É um bilhete pedindo para que a secretaria comprasse uma passagem de trem para a Cidade do Rio de Janeiro às 8:00 horas do dia seguinte, no entanto, a secretaria quando lê o bilhete, entende seu pedido de maneira diferente, da qual seu patrão imaginara ter escrito. A conclusão foi uma grande confusão, pois o patrão perdeu o trem e perdeu um possível cliente.

    No capitulo II, “Segredos da comunicação escrita”, podemos observar varias dicas para se escrever bem, para que a pessoa que estiver lendo o que escrevemos, esteja entendendo o que realmente estamos querendo transmitir. Aqui o autor mostra onde o patrão errou ao redigir o bilhete, e como ele deveria ter escrito de maneira correta, para que a secretaria não tivesse que “interpreta-lo” ao lê-lo. Comunicar-se bem ou escrever bem não é luxo, nem exibicionismo, é uma questão de sobrevivência.

    No capitulo III, “Estrutura e funcionamento da comunicação”, o autor nos mostra que para haver uma comunicação, deve haver o remetente e o destinatário da mensagem. Quando escrevemos uma mensagem não podemos pensar em apenas nós mesmos, é preciso que nos preocupemos principalmente com o destinatário. Há varias coisas que devemos observar quando estamos passando uma mensagem: como pegar a idéia, mensagem de signos, associando-se entre estímulos físicos e uma idéia, codificação e decodificação, enxergar a meta, ter domínio dos códigos, ou seja, aquilo que você pode ver, e a quem esta escrevendo.

    O capitulo IV, “Ganchos para agarrar o leitor”, nos mostra como uma leitura pode ou não ser atraente, e que chame a atenção do leitor. Um bom modo para atrai-lo é não sobrecarregar a mensagem com informações muito complicadas, muito difíceis de ser entendidas. Utilizando um modo simples de escrever com palavras descomplicadas, e de preferência utilizando gravuras para ilustrações das mesmas, pode-se alcançar os objetivos em um menor tempo.

    No capitulo V e VI, o autor faz um resumo dos capítulos anteriores, e diz que para termos uma boa comunicação, temos que fazer uso de algumas técnicas, tais como: remetente, destinatário, mensagem, código, repertorio, veiculo, entre outras, e como toda boa receita devemos utilizar com bom senso e uma visão critica.

    Crítica O livro Técnicas de comunicação escrita de Blikstein, tem uma leitura agradável, pois ele escreve de maneira fácil de ser entendido. O autor tem vasta experiência no mundo acadêmico e editorial. Pode-se dizer que ele atingiu seus objetivos, passando suas idéias e inovando com exemplos que prendem a atenção do leitor. A leitura torna-se uma brincadeira, pois logo na primeira página, ele escreve um pequeno texto, e tudo mais a seguir gira em torno deste texto. Por fim, indico este livro a pessoas que gostam de português, e querem se aprofundar um pouco mais nas maneiras corretas de comunicação, é uma leitura agradável e um livro bem editado.



    Tecnologias e técnica de produção de textos

    Twitter chega à sala de aula como ferramenta para aprender técnica literária

    Escola usa regra básica do microblog, o limite de 140 caracteres por mensagem, para que alunos desenvolvam narrativa e concisão em minicontos



    18 de outubro de 2010 | 0h 00


      
    Alunos do 8ª série do ensino fundamental Talissa Ancona Lopez, Pedro Rubens Oliveira e Davi Yan Schmidt Cunha (à dir.): literatura em microcontos 
    "O telefone tocou. Seria ele? O que ele queria? Ela já não havia dito que era o fim? Ela atendeu o telefone. Não era ele, era pior." Em apenas 140 caracteres, o permitido para cada post no microblog Twitter, adolescentes aprenderam, em sala de aula, a usar a rede social como plataforma para contar pequenas histórias como essa.
    A técnica literária, conhecida como microconto, nanoconto ou miniconto, foi praticada pelos alunos do Colégio Hugo Sarmento no perfil @hs_micro_contos do Twitter.
    Para escrever uma história coerente em tão poucas palavras, os estudantes tiveram de ficar atentos à narrativa, à concisão e ao sentido do que era postado, algumas habilidades já dominadas pelos adolescentes, acostumado com a rapidez da internet.
    Embora o Twitter seja usado com mais frequência para relatos e comentários do cotidiano, não ficcionais, os microcontos já têm adeptos na rede social. Há perfis totalmente dedicados à técnica e usuários que costumam escrever mini-histórias, como a cantora Rita Lee (@LitaRee_real).
    "Cada história precisava ter um começo, meio e fim. Não dava, por exemplo, pra ficar descrevendo o cenário", conta Pedro Rubens Oliveira, de 13 anos, que participou do projeto.
    O professor de língua portuguesa do ensino fundamental Tiago Calles, que propôs o exercício na escola, conta que aproveitou os limites de espaço da rede para trabalhar a estrutura da narrativa e as poesias concretas, abordadas em aula, de uma maneira diferente. "O fato de envolver uma outra plataforma interessou os alunos, que se sentiram mais motivados", afirma.
    Talissa Ancona Lopes, de 13 anos, conhecia pouco do Twitter antes de usar a plataforma na escola. "Tive um perfil por algum tempo, mas depois excluí", conta. Dona de perfis em outras redes sociais, ela encontrou uma nova utilidade para a rede. "É mais divertido aprender dessa maneira."
    A diversão costuma estar associada às redes sociais. Segundo a assessora de tecnologia educacional da Escola Viva, Elizabeth Fantauzzi, os estudantes têm dificuldade para enxergar o Twitter como uma ferramenta de aprendizado. "Para eles, aquilo não pode ser usado em aula, mas é um material muito rico se for aproveitado com um sentido pedagógico", diz.
    Tecnologia. Não só a familiaridade com a internet estimulou a exploração do tema em sala de aula, mas também a fluência na linguagem tecnológica dos alunos. Na Escola Viva, estudantes do fundamental fizeram um projeto em que usaram conversas por mensagem de celular para montarem micro-histórias.
    "Os adolescentes têm fluência na linguagem digital. Cabe aos professores aproveitar isso e aplicarem em sala de aula", afirma Elizabeth.
    A intenção das escolas é transformar a facilidade com a escrita da internet - com seus símbolos e abreviações - em habilidades também nas redações mais acadêmicas. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado, o desempenho dos estudantes na área de Linguagens e Códigos foi justamente o que mais deixou a desejar. Em nenhum colégio a média de 700 pontos - em uma escala que vai de zero a mil - foi atingida.
    ENTREVISTA
    "Às vezes duas palavras bastam para expressar um sentimento"

    Tiago Calles, professor de língua portuguesa do Colégio Hugo Sarmento
    Professor defende que qualidade e criatividade podem ser expressas em textos curtos.
    Você tem perfil no twitter?Não. Tenho e-mail, Orkut, mas achava que precisava encontrar uma maneira mais útil de usar o Twitter antes de criar um perfil. Por isso apresentei os microcontos em sala de aula. Queria avaliar os possíveis usos para a ferramenta.
    É possível revelar a personalidade dos autores em textos tão curtos?Sim. As poesias concretas demonstram isso. Às vezes duas palavras bastam para expressar algum sentimento ou ideia. Eu acho que os adolescentes conseguiram passar um pouco de suas personalidades nos textos que escreveram.
    Os alunos podiam usar abreviações nos contos?Podiam. Por ser um texto literário, eles tinham liberdade para escreverem da maneira que queriam. Curiosamente, nenhum dos textos que recebi tinha essas abreviações usadas na internet. 

    segunda-feira, 8 de novembro de 2010

    Tecnologias e cultura oral

    Em entrevista, professor Thomas Pettitt defende que novas mídias levam humanidade de volta à era pré-Gutenberg, da cultura oral

    Publicada em 08/11/2010 às 09h04m








    por Fernanda Godoy
    Fonte Digital & mídia 








    Thomas Pettitt especialista em mídia / Crédito: Divulgação
    NOVA YORK - Thomas Pettitt tem provocado discussão nos meios acadêmicos ao afirmar que a Humanidade está voltando à cultura de transmissão oral de informação e conhecimento, tornando a época da imprensa escrita e dos livros apenas um parêntese na História. Professor de história da cultura na Universidade do Sul da Dinamarca, ele construiu a Teoria do Parêntese de Gutenberg para analisar uma época que teria começado com a invenção da prensa, no século XV, e terminado com a era da mídia eletrônica. "Estamos caminhando para um futuro pós-imprensa", disse ele, para mais adiante acrescentar: "Alguém pode receber uma mensagem escrita quase tão rapidamente como se estivesse falando com a pessoa. É como se estivéssemos falando pelos dedos".
    Pettitt, que deu entrevista ao GLOBO por e-mail, criou sua teoria no espírito de cooperação que marca as redes sociais. Usou um conceito surgido em uma discussão entre professores e, com a permissão do autor, o colega Lars Ole Sauerberg, cunhou a Teoria do Parêntese de Gutenberg, pai da imprensa. Segundo ele, a era digital derruba barreiras entre imprensa tradicional e novas mídias. A sobrevivência dos meios de comunicação, garante, estará cada vez mais vinculada à sua credibilidade.

    Estamos falando pelos dedos
    O GLOBO: Estamos mesmo indo "de volta para o futuro", ou seja, passando por uma revolução que nos levará de volta a um passado no qual a cultura era oral, como diz a Teoria do Parêntese de Gutenberg?
    THOMAS PETTITT: "De volta para o futuro" é um filme adorável, mas sempre penso sobre esse título. Imagino que, tendo viajado a um passado quando seus pais eram jovens, no fim do filme era hora de o rapaz voltar ao futuro de onde ele tinha vindo. No Parêntese de Gutenberg, a ideia é a oposta: estamos voltando ao passado ao nos movermos para o futuro. Afirmar que o futuro será uma volta ao passado não parece muito otimista. Haverá mais guerras, mais superstição e fundamentalismo, mais caças às bruxas e pragas, como na Idade Média? Fico feliz em poder dizer que a Teoria do Parêntese de Gutenberg não tem nada a ver com isso, embora meu colega L.O. Sauerberg não estivesse otimista quando inventou o termo. Ele é professor de literatura inglesa, e literatura é algo que se lê basicamente em livros. Então, se os livros estão acabando, isso pode ser o fim da literatura também. Não estou tão preocupado, porque estudo cultura medieval e sei que havia canções, histórias e encenações maravilhosas antes dos livros, então podemos esperar que as pessoas continuarão a fazer coisas incríveis com as palavras depois dos livros.

    E como isso afeta os meios de comunicação?
    PETTITT:O Parêntese de Gutenberg diz respeito a mudanças na maneira como comunicamos informação e histórias, de um lugar a outro e de um momento a outro. Pela lembrança e pela fala; por manuscritos; por livros, filmes, gravações e pela TV; por tecnologia digital e pela internet. Depois que a prensa foi inventada por Gutenberg, levou um tempo até que ela se espalhasse, mas por volta de 1600 o livro impresso tinha virado o meio dominante e de maior prestígio, e permaneceu nessa posição até recentemente, digamos, até o ano 2000. Agora, estamos usando meios tecnologicamente mais avançados que o livro, mas de certa forma se parecem com as tradições orais que o precederam. Da mesma forma que uma frase contém parênteses: eles interrompem a frase (mas, como estes, a modificam) e, quando o parêntese acaba, a frase continua onde a havíamos deixado antes da interrupção. Então, sim, estamos caminhando para um futuro pós-imprensa que, de certa forma, se parecerá com o passado pré-imprensa. Claro que ainda não chegamos lá: estamos na transição, na saída.

    De que maneira a cultura da internet está resgatando e continuando a cultura pré-Gutenberg?
    PETTITT:As semelhanças estão na maneira pela qual nos comunicamos por palavras: a maneira como lidamos com informações e narrativas que estão em palavras. Já temos há algum tempo meios eletrônicos como a TV, o rádio e o cinema, que voltam ao mundo da oralidade porque as palavras são faladas, e não vistas em uma página. Foi a isso que Marshall McLuhan se referiu quando disse que estávamos saindo da "Galáxia de Gutenberg". Nossas novas mídias (smartphones, laptops, tablets e suas conexões de internet) estão tomando conta dessa comunicação pelo som, e até ampliando-a. Claro que elas também são usadas, talvez até mais, para a comunicação pela palavra escrita, mas isso é feito de maneira diferente da usada pela imprensa. Em alguns dos meios mais difundidos (e-mails, SMS, Twitter), alguém pode receber uma mensagem escrita quase tão rapidamente como se estivesse falando com a pessoa. É como se estivéssemos falando pelos dedos, então a maneira de escrever é muito mais próxima da fala. As novas mídias também tornam mais fácil mexer em um texto.

    Mesmo nas revoluções, o ponto da virada muitas vezes só é percebido quando já passou. Quais são esses pontos, até agora?
    PETTITT: Não tenho certeza de que as pessoas não se dão conta das revoluções enquanto elas estão acontecendo. Mas, por outro lado, a natureza da mudança ou o ponto sem retorno pode nos escapar. Penso em dois momentos decisivos na nossa revolução. Um deles é o dia em que todos os livros (e jornais) forem criados em forma digital - suspeito que em muitos países este momento já passou. O outro é o dia em que todos os livros (e jornais) que já existiam tiverem sido escaneados e portanto existirem em forma digital - estamos muito próximos disso.

    Até que ponto nossa percepção do mundo e nossa comunicação são determinadas pela tecnologia?
    PETTITT: Esta pode acabar sendo a mudança mais importante de todas. Há coincidências interessantes entre revoluções na mídia e na maneira de pensar das pessoas. Alguns estudiosos veem uma conexão entre a difusão da imprensa e grandes mudanças na cultura europeia: o Renascimento, a Reforma, a revolução científica. Se isso for verdade, podemos esperar que nossa revolução digital tenha um efeito radical sobre a maneira de pensar. Minha teoria é que há uma conexão entre os livros e uma visão de mundo que separa as coisas em categorias rígidas. A tribo que chamo de "gente do livro" parece gostar de categorias. É apenas durante o Parêntese de Gutenberg que as pessoas insistiram tão "categoricamente" em que alguém é macho ou fêmea, negro ou branco, humano ou animal, ser vivo ou máquina. Na Idade Média, antes da imprensa, as misturas eram mais toleradas, e parece que estamos voltando a essa tolerância.

    Na hora de decidir sobre a veracidade das notícias, o fator chave é a reputação do mensageiro
    Qual a influência definitiva da era de Gutenberg para a Humanidade?
    PETTITT:Difícil dizer. Daqui a um século, é possível que turistas visitem bibliotecas da mesma maneira que hoje nós vamos a museus para ver espadas e armaduras. A ideia de parênteses (já que parênteses modificam a frase que ele interrompe) sugere que não teríamos chegado onde estamos agora sem o período da imprensa. Mas isso não significa que ele é um estágio obrigatório de desenvolvimento. Deve haver muitas comunidades no que costumávamos chamar de Terceiro Mundo que eram analfabetas até pouco tempo atrás, ou que não tinham dinheiro para livros, e que passaram diretamente para os celulares e a internet, que simplesmente pularam o Parêntese de Gutenberg. A verdadeira questão é: a época da imprensa nos deu algo que não teríamos tido sem ela? E a resposta mais óbvia é: a História. Para as culturas alfabetizadas, o que aconteceu no passado está registrado em documentos, e a imprensa assegura que muitas cópias desses documentos sobrevivam, e há muitas cópias dos livros de História que discutem o que os documentos registram.

    O senhor disse que, na era de Gutenberg, o impresso era visto como uma garantia da verdade, e que isso está deixando de existir. Com que rapidez isso está acontecendo?
    PETTITT: As pessoas preferiam pensar de acordo com categorias, incluindo categorias de mídia. Então, a escrita é mais verdadeira do que a fala, e a imprensa, mais verdadeira que um manuscrito. Livros com encadernação de couro e letras douradas são tratados com mais respeito do que panfletos. É só quando você mesmo escreve um verbete de enciclopédia que se dá conta de que a capa de couro não prova nada.

    Como a mídia tradicional pode se diferenciar neste mundo de abundância de informação?
    PETTITT: Esta é uma das áreas nas quais a ideia do Parêntese de Gutenberg pode nos ajudar a prever ou a lidar com o futuro. As coisas estão mudando muito rapidamente. A maioria dos jornais complementou sua versão impressa com um site, e já foi previsto que dentro de 15 anos a maioria dos jornais existirá apenas na sua forma digital. Os jornais já não podem presumir que serão mais respeitados que outras fontes de informação devido ao seu formato. A imprensa está no caminho de saída, e qualquer veículo com patrocinadores generosos, não importa o quão errônea ou extrema sua mensagem, pode criar um website tão impressionante como o do mais respeitado jornal. Então, como os jornais podem convencer as pessoas de que sua mensagem é mais confiável e que vale mais pagar por ela? Estamos de volta à era pré-Gutenberg, quando os medievais recebiam notícias por meio de rumores, e as notícias de lugares remotos chegavam por estrangeiros. Como decidir em quem acreditar? A chave é a reputação, ou a fama. Essa era a coisa mais importante nas sociedades orais, e o mesmo pode acontecer nas sociedades digitais. Na hora de decidir sobre a veracidade das notícias, o fator chave é a reputação do mensageiro.